A 2ª Edição da Mostra de Teatro "Santa Bárbara em Cena" termina amanhã com a apresentação da Cia de Teatro Travessia e o espetáculo "Lampião e Maria Bonita no reino divino" (veja abaixo informações sobre a peça). Hoje, a apresentação é do Grupo de Teatro PédeCana, com o espetáculo "Cala a boca já morreu". O ingresso para assistir aos espetáculos custa R$ 3,00 e pode ser adquirido na bilheteria do Teatro Municipal Manoel Lyra até o horário da peça, às 20 horas.
É o segundo ano do projeto que reúne as companhias de teatro amador da cidade. Neste ano o evento não tem o caráter competitivo. Um cachê de participação está sendo oferecido como forma de incentivo e reconhecimento pelos trabalhos culturais dos grupos de teatro.
Confira as informações das companhias sobre os espetáculos:
LAMPIÃO E MARIA BONITA NO REINO DIVINO
Um resgate da Literatura de Cordel e de mitos brasileiro
A Cia de Teatro Travessia apresenta o espetáculo "Lampião e Maria Bonita no Reino Divino", um musical brasileiro original de Annamaria Dias. Um espetáculo dedicado ao público infanto-juvenil, que desmístifica a visão maniqueísta de Bem e Mal, com uma naturalidade que não é própria dos dramaturgos que se dedicam a essa área. Com essa montagem resgatamos a Literatura de Cordel e a Farsa, trazendo para o palco temas, situações e personagens brasileiros.
Afinal, a chamada literatura de cordel, no Brasil, não morreu; está completando cerca de cem anos bem vividos. Uma produção popular que persiste com a aceitação de seu público original, apesar de novos entretenimentos, como rádio e televisão. E tendo conquistado um outro público, estudiosos, colecionadores eruditos, turistas. Muitos acreditavam estar implícito no dinamismo sócio-cultural o possível desaparecimento de traços folclóricos - mas hoje podemos afirmar que o cordel continua vivinho da silva. Até virou souvenir para paulistas, cariocas, mineiros, gaúchos em passeio por feiras nordestinas ou em centros de turismo como o Pátio de São Pedro (Recife), a Emcetur (Fortaleza), o Mercado Modelo (Salvador) e outros locais. Lampião e Maria Bonita, místico-ideológicos protagonistas na imaginação do povo em casos de astúcia, justiça e exemplos de sabedoria que conseguiram atravessar os tempos, novas linguagens na comunicação e conseguiram chegar à era da informática, nos faz refletir sobre justiça social e a luta por um ideário político. Lampião foi denominado o Robin Hood da Caatinga pelo jornal New York Times, em 1931. Quem foram realmente os cangaceiros? Simples bandidos? Bandidos defensores dos pobres, que roubavam dos ricos para dividir com os necessitados? Hoje em dia, quando a jovem geração urbana fala do cangaço, tende a interpretá-la como a formação de grupos de indivíduos, no Nordeste seco, que, semi consciente da situação de opressão das camadas inferiores, sob o domínio dos coronéis, diziam-se defensores dos injustiçados.
LAMPIÃO E MARIA BONITA NO REINO DIVIN0
(O ESPETÁCULO)
Um típico contador de estórias nos mostra o que aconteceu com Lampião, Maria Bonita e seus amigos, depois que morreram.
Lampião e seu amigo Severino Mansidão, que não era o exemplo de valentia no bando, foram parar no inferno, onde cuspir fogo era normal. Já Maria Bonita e sua inseparável amiga, Creuza Espiritera, mulher apaixonada pela sensibilidade de Mansidão, foram agraciadas com o céu, que era uma monotonia só. Os quatro queriam era ficar juntos, para isso vão empregar toda a astúcia e valentia.
Lampião tinha quatro irmãs: Virtuosa, Angélica, Mocinha e Anália. E tinha também quatro irmãos: Antônio, Livinho, Ezequiel e João. João era o pai de Julinho que era sobrinho do Capitão. Maria Bonita tinha uma sobrinha, de nome Silvinha, que era filha de Suzana, sua irmã. Julinho e Silvinha se gostavam um bocado, mas a família deles se davam feito Deus e o Diabo. E levava os dois num cortado....
Lampião e Maria Bonita conseguem sair do céu e do inferno e descer a Terra para ajudarem seus sobrinhos a ficarem juntos. E assim a história prossegue com muita imaginação, por que o Reino divino é feito de um pouco...
CIA DE TEATRO TRAVESSIA
A Cia de Teatro Travessia, de Santa Bárbara d'Oeste, iniciou as atividades em 1999, com o espetáculo "O Amor que gera a vida", de Kelvis Germano. Diante do excelente resultado de público e crítica, o grupo de atores vindos de diversas atividades profissionais, montaram em 2000 o espetáculo "Uma Cegonha Boa de Bico", de Marilú Alvares, recebendo os prêmios de Atriz Destaque e Melhor Sonoplastia, além de indicações para Cenário, Atriz, Diretor e Espetáculo, no IX Festival de Teatro Infantil de Bragança Paulista (primeira participação em festivais). Em 2001, estreou o espetáculo "A Lira dos Vinte Anos", de Paulo César Coutinho e com este trabalho conseguiu definitivamente o reconhecimento do público, dos professores e dos críticos em geral, por traçar uma comunicação direta com naturalidade, tendo um perfeito equilíbrio entre a ficção e a realidade, trazendo para o palco um dos períodos mais marcantes na sociedade contemporânea brasileira, a ditadura militar. O ano de 2003 tornou-se o marco do desenvolvimento do trabalho da cia na questão da estética e qualidade, conquistando 18 prêmios em festivais de teatro, com o espetáculo "A Vida é Sonho", de Pedro Calderón de La Barca. Em 2006 a Cia de Teatro Travessia, completa 6 anos de existência, tendo conquistado mais de 40 prêmios,em festivais municipal, estadual e nacional, entre eles, o de Melhor Espetáculo do Mapa Cultural Paulista 2005/2006 - Fase Regional.
OBJETIVO DA CIA
O objetivo da Cia de Teatro Travessia é de trocar experiências, agregar o teatro como atividade extracurricular, acrescentar informações além daquelas colhidas durante o período natural das aulas, oferecendo outras possibilidades culturais, além daquelas impostas arbitrariamente pela mídia, recuperando ou pelo menos tentando recuperar, de dentro de cada um o desejo de descobrir-se como ser criador, capaz de transformar a realidade que o cerca. Além de levar teatro as crianças, possibilitar através do exercício da imaginação o desenvolvimento da capacidade expressiva e artística.
E assim colocamos todo o empenho criativo, para conseguir produzir espetáculos de grande qualidade com custos verdadeiramente acessíveis para todos, pois só assim conseguiremos atingir nosso objetivo: a democratização da cultura.
Lampião e Maria Bonita no Reino Divino
FICHA TÉCNICA
Espetáculo: Lampião e Maria Bonita no Reino Divino
Texto : Annamaria Dias
Direção: Kelvis Germano
Trilha Sonora: Luís Fernando de Godoy
Cenografia: Cia de Teatro Travessia
Figurinos: Pâmela Petrine
Iluminação: Kelvis Germano
Operador de Luz: Driale Feliciano
Divulgação e Logística: Anderson Junque
Elenco: (ordem alfabética)
Edson Rodrigo Luiz
(Severino Mansidão)
Gleise Helen
(Suzana)
Kelvis Germano
(João)
Líria Rosa
(Contadora de Histórias)
Lucas Rodrigues
(Julinho)
Maria José Gomes
(Creuza Espiriteira)
Otávio Delaneza
(Lampião)
Pamela Petrini
(Maria Bonita)
Valéria Nepomuceno
(Silvinha)
Grupo PédeCana
Histórico
O Grupo de Teatro PédeCana da Unimep, campus Santa Bárbara D'Oeste, teve início no ano de 2000, onde além de várias esquetes montadas durante os anos também houve a montagem dos espetáculos "Gisele" de autoria e direção de Carlos Jerônimo em 2003 e atualmente está com o espetáculo "Cala Boca Já Morreu" de Luis Alberto de Abreu, e direção de Márcio Abegão.
Release
A idéia central do texto é o processo de conscientização política do camponês João Gregório, através do trabalho e da tradição de luta política simbolizada pelo velho anarquista Atílio Ronchetto. A peça foi escrita em 1981, dentro de um projeto de pesquisa que resultou nesta peça e em Bella Ciao. Era uma pesquisa sobre a formação do operário brasileiro desenvolvida pelo autor. Bella Ciao enfocou a formação do imigrante italiano e Cala a Boca já Morreu a formação do migrante brasileiro. A idéia do nome vem do provérbio popular "Cala a Boca já Morreu, quem manda na minha boca sou eu". No momento em que a peça foi escrita estava havendo a retomada da importância política do trabalhador brasileiro na discussão sobre os destinos do País. A ditadura militar estava no fim e o nome dizia respeito à retomada da voz do trabalhador.
Luís Alberto de Abreu voltou ao tema da imigração italiana com a pesquisa do Grupo Andaime da Unimep que resultou na montagem da peça "Nonoberto Nonemorto".
Nascido no ano de 1952 em São Bernardo do Campo, Luís Alberto de Abreu estreou na carreira artística em 1971 como ator. Porém desistiu após ter encenado três ou quatro espetáculos. Ainda como amador escreveu três peças. Suas referências teatrais vão desde Nelson Rodrigues, Jorge Andrade, Plínio Marcos até Arthur Azevedo este último a inspiração para a peça "Cala a Boca já morreu". Sua obra mais recente é Auto da Paixão e da Alegria que inevitavelmente é uma comédia. Para TV, Abreu foi um dos responsáveis pela adaptação da série "Hoje é dia de Maria" da Rede Globo.
O Grupo PédeCana da Unimep, estreou a peça "Cala a boca já morreu" de Luís Alberto de Abreu, no dia 26 de novembro de 2005, no Salão Nobre do Centro Cultural Martha Watts em Piracicaba.
Sinopse
Conta a história de João Gregório, um camponês do interior que migra para São Paulo em busca de uma vida melhor na cidade grande. A idéia do nome da peça vem do provérbio popular "Cala a Boca já Morreu, quem manda na minha boca sou eu". O texto é retratado na época em que a ditadura militar estava no fim e o nome diz respeito à retomada da voz do trabalhador.
Ficha Técnica
Elenco: Adauton Cardoso, Daniel Monaro, Domitila Fernandes, Gabriela Barban, Gustavo Belan, Marcos Franco, Renato, Monaro, Rogério Fernandes, Sabrina Tesôto, Shayne Businari e Urbano Aranha.
Sonoplastia: Márcio Abegão
Operador de Som: Márcio Abegão
Iluminação: Adriano Poty
Operação de Luz: Adriano Poty
Cenário: O grupo
Figurino: O grupo
Maquiagem: O grupo
Contra-regra: Domitéia Fernandes
Direção: Márcio Abegão
Breve histórico: Iniciou no teatro em 1991 como ator na Paixão de Cristo em Itu/SP. Em 1992 integrou-se ao Grupo Cochichonacoxia de Unimep, onde permanece até os dias de hoje. Em 1997 iniciou no Grupo Andaime de Teatro Unimep onde também participa como ator. Desde 2001 trabalha com teatro com crianças e adolescentes no Colégio Piracicabano, onde também coordena a Mostra de Teatro Estudantil de Piracicaba. Foi presidente da FEPITA - Federação Piracicabana de Teatro Amador no mandato de 2003 a 2005. Atualmente coordena os grupos de teatro da Unimep, campus Santa Bárbara D'Oeste.