Santa Bárbara d’Oeste celebra nesta quinta-feira (26) os 30 anos do Teatro Municipal “Manoel Lyra” – uma casa de espetáculos que se consolidou como símbolo de identidade, história e desenvolvimento cultural para o Município e toda a região, reafirmando sua posição como um dos principais equipamentos culturais do interior paulista.
Inaugurado em 26 de junho de 1995, o espaço foi idealizado para fortalecer o acesso às artes, promover o desenvolvimento cultural local e regional, e eternizar a memória de um dos pioneiros do teatro amador barbarense, Manoel Lyra. A primeira peça apresentada em seu palco foi “Apareceu a Margarida”, estrelada pela consagrada atriz Marília Pêra.
Administrado pela Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, a sala de espetáculo conta com 596 lugares, sendo 512 poltronas, 12 lugares para cadeirantes, seis poltronas para obesos e seis para pessoas com mobilidade reduzida, e uma estrutura técnica de ponta, incluindo acesso universal, sistema de ar-condicionado, isolamento acústico profissional e projeção sonora de alto desempenho.
Com palco do tipo italiano, boca de cena de 9,60 metros de largura, 7 metros de altura e profundidade de 7,5 metros, o teatro possui 11 varas cênicas motorizadas e camarins com banheiro privativo, adaptados para a acessibilidade, além de depósito de cenário, vestiário técnico e uma sala administrativa.
Ao passar dos anos, o Teatro “Manoel Lyra” se tornou referência no interior do Estado, recebendo apresentações de teatro, dança, música, orquestras, palestras e workshops, inclusive recentemente pré-estreias de espetáculos da São Paulo Companhia de Dança (SPCD), uma das mais importantes companhias de dança da América Latina. Anualmente, segundo o secretário de Cultura e Turismo, Evandro Felix, mais de 45 mil pessoas prestigiam apresentações na sala de espetáculos barbarense.
“O Teatro é o berço das artes da cidade e um dos principais polos de cultura do interior paulista. O espaço oferece conforto ao público, estrutura completa para os artistas e, principalmente, uma equipe comprometida com a arte. Quem se apresenta aqui, elogia a recepção. Isso é o que só o Manoel Lyra tem”, pontuou.
Entre os momentos mais marcantes desses 30 anos, ele destaca a apresentação da atriz Denise Fraga, com o espetáculo Eu de Você, que marcou a reabertura do espaço no ano passado após a reforma. “Foi uma escolha muito especial. Eu já tinha visto esse espetáculo em Campinas e, quando chegou a hora de definir quem abriria essa nova fase do teatro, foi unânime: queríamos a Denise. Ela esteve aqui na inauguração, 30 anos atrás, com ‘Trair e coçar é só começar’. Era um reencontro simbólico com a história do teatro”, comentou Felix.
Reforma
Entre os anos de 2022 e 2024, o Teatro passou pela maior reforma de sua história. A requalificação transformou a estrutura física e técnica do prédio, que agora conta com nova fachada, substituição completa da cobertura e telhado, reforço estrutural da laje do palco, piso com amortecimento especial, pintura interna e externa, reforma e ampliação do hall de entrada, melhorias no paisagismo, substituição de todas as poltronas da plateia, camarins modernizados, atualização do sistema de iluminação cênica e sonorização, melhorias na acessibilidade, implantação de reserva técnica, novas redes elétricas, melhorias no combate a incêndio e modernização do sistema de climatização.
Manoel Lyra: quem foi o barbarense que dá nome ao Teatro Municipal
Em 6 de agosto de 1904, nascia em Santa Bárbara d’Oeste Manoel Lyra, figura marcante da cultura local e personalidade que dá nome ao Teatro Municipal da cidade. Conhecido carinhosamente como "Nenê Lyra", ele construiu uma trajetória de dedicação e amor ao teatro, tornando-se referência e inspiração para gerações de artistas barbarenses.
Desde jovem, Manoel trabalhou com o pai e um irmão em uma pequena oficina na Rua Santa Bárbara, nas proximidades do antigo Cine Santa Bárbara. Também atuou nas Indústrias Sans, onde exerceu a função de furador de peças agrícolas até se aposentar. Mas foi nos palcos que encontrou sua verdadeira vocação.
Cineasta amador e apaixonado pela arte cênica, considerado inteligente e humilde, Nenê Lyra foi operador de filmes no Cine Santa Rosa e protagonista da história do teatro amador da cidade.
Em agosto de 1962, fundou o Grêmio Dramático, que se tornaria um dos grupos mais renomados do interior paulista. Com mais de 50 anos de envolvimento com o teatro, ele foi um dos pioneiros da cena teatral barbarense e ajudou a moldar a identidade cultural do município.
Casado com Benedita do Amaral desde 1929, Manoel teve uma única filha. Era filho de Fortunato e Vitalina Lyra e teve quatro irmãos. Também foi esportista e integrou o União Barbarense entre 1914, no início do clube, e a década de 1920. Pessoa estimada e respeitada na comunidade, Nenê Lyra faleceu em 18 de janeiro de 1973.
Recitar
Como parte das comemorações, o Projeto Recitar – A Palavra em Verso Vivo emocionou o público ao marcar três dias de homenagens ao Teatro em maio, reunindo performances poéticas que celebraram o legado do espaço e também o papel do Manoel Lyra como referência cultural no interior paulista. Cada escola participante foi convidada a compor um poema autoral, com inspiração no tema "Teatro Municipal Manoel Lyra – 30 anos de contribuição à cultura barbarense".
2ª Mostra de Artes movimenta o Teatro nos 30 anos
A comemoração dos 30 anos do Teatro Municipal “Manoel Lyra” ganha ainda mais força com a realização da 2ª Mostra de Artes do Programa Caminhos da Cultura, que começa nesta quarta-feira (25), com apresentações gratuitas de teatro, dança, música e exposições. A programação se estende até esta sexta-feira (27), com entrada gratuita.
No Teatro Municipal “Manoel Lyra”, as apresentações ocorrerão nas áreas de teatro infantil e juvenil, canto, violão, balé, jazz dance, ritmos, capoeira e K-pop, reunindo alunos de diferentes núcleos culturais do Município, como CEU das Artes, Centro Cultural e Biblioteca “Prof. Léo Sallum”, Centro Cultural “Edgard Tricânico d’Elboux”.
Também serão realizadas duas exposições de artes visuais e artesanato. No Museu da Imigração, estarão em destaque os trabalhos dos alunos do próprio Museu, do Centro de Memórias, Casa do Artesão e Centro Cultural “Edgard Tricânico d’Elboux”. O Museu da Imigração está localizado na Rua João Lino, 371, no Centro. O horário de visitação é de terça a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas.
Já no “Léo Sallum”, situado à Rua do Algodão, 1450, Cidade Nova, será possível conferir as produções dos alunos do espaço e do CEU das Artes. Os visitantes poderão apreciar obras de feltro, bordado, crochê, pintura em tecido e óleo sobre tela, além de desenho artístico. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 17 horas.