Há lugares no mundo que são muito mais do que paredes e telhados. São braços abertos, olhos atentos e corações que sabem acolher. Em Santa Bárbara d’Oeste, esse lugar ganhou nome e sentido: Ninho. No dia 20 de outubro, próxima segunda-feira, o “Ninho – Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora” de Santa Bárbara d’Oeste, vinculado à Secretaria de Promoção Social, completa três anos, reafirmando seu compromisso com a proteção e o desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Desde a implantação, 23 acolhimentos já foram realizados, envolvendo 22 crianças e um adolescente, com o apoio de 12 famílias acolhedoras. Nesse período, cerca de 50 famílias procuraram informações sobre o Serviço, das quais 19 participaram da formação e se tornaram habilitadas. Atualmente, o Município conta com 11 famílias habilitadas, sendo que sete delas estão em acolhimento ativo, oferecendo cuidado e proteção a nove crianças.
A secretária de Promoção Social de Santa Bárbara d’Oeste, Maria Cristina da Silva, destacou o empenho e dedicação de toda a equipe do Ninho ao longo desses três anos. “O sucesso do Ninho é resultado do trabalho incansável de profissionais comprometidos com o cuidado e a proteção das nossas crianças e adolescentes. A coordenadora Marisa, psicóloga Aline e a assistente social Neiva têm um papel essencial nesse processo, assim como a ex-coordenadora Fernanda e a primeira psicóloga Ana Carolina e toda a equipe técnica e administrativa. Nosso agradecimento também às famílias acolhedoras, que abrem suas casas e corações para transformar vidas. Esse trabalho só é possível graças ao compromisso do prefeito Rafael Piovezan, que sempre acreditou na importância desse serviço”, destacou.
O chamado
Cada família que faz parte do Ninho carrega sua própria história — histórias de coragem, empatia e aprendizado. Para o casal Miguel Isidório Filho e Ivanilde Isidório, o chamado veio de um encontro na igreja. “A gente foi o primeiro casal a participar aqui em Santa Bárbara, e tudo era muito novo — tanto pra nós quanto para a equipe. Mas fomos acolhidos com muito carinho”, lembrou Ivanilde.
A advogada Luciana Rodrigues da Silva contou que uma simples postagem nas redes sociais da Prefeitura tocou seu coração. “Percebi que era algo que se encaixava no que eu gostaria de fazer de bem para a sociedade. Eu não tinha pretensão de adotar, mas queria acolher uma criança por um tempo determinado e ajudá-la nessa jornada”, contou.
A decisão de acolher, para muitos, nasce de um impulso genuíno de ajudar. Foi assim também com o casal Cleber Roberto Delphino e Karine de Andrade Delphino. “Quando soubemos do Serviço, pensamos: é uma forma de poder fazer algo concreto. Não tínhamos nada preparado no nosso primeiro acolhimento, mas recebemos doações de tudo. Foi uma corrente do bem”, comentou Karine.
O acolhimento
Quando o acolhimento começa, é como o nascimento de uma rotina. Para Luciana, o primeiro contato foi marcado por emoção e incerteza. “Quando me ligaram, eu já sabia que ia acolher, mas foi como um parto — aquele frio na barriga, sem saber como a criança viria. Fui buscá-la no hospital, tão pequena e frágil, e naquele momento pensei: é minha criança, vou cuidar como se fosse minha enquanto estiver comigo”, relembra. “A adaptação acontece rápido. Em poucos dias, tudo muda — e dá certo”, pontuou.
Cleber e Karine também viveram a experiência de ver uma criança florescer dentro de casa. “Ela chegou com algumas dificuldades de saúde e a gente precisou de atenção redobrada. Mas o mais bonito foi ver a mudança — de uma criança com muitos medos para uma criança sorridente”, diz Karine. “A gente cuida como se fosse nossa. Mostra pra ela que tem alguém que ama e protege. Isso muda tudo”, refletiu Karine.
Para Miguel e Ivanilde, o início no serviço foi marcado por um grande desafio. “Quando acolhemos a primeira criança, nossa filha biológica estava internada na UTI. Foi uma verdadeira prova de fogo”, lembra Ivanilde. “Mesmo tão pequena, ela demonstrava um carinho enorme. Todos os dias ela perguntava da minha filha e dizia: ‘Vai dar tudo certo’. Aquilo me tocou profundamente. Foi quando percebi que o acolhimento também cura quem acolhe. Ela nos fortaleceu num dos momentos mais difíceis das nossas vidas”, complementou.
O amor
Entre idas e vindas, o que permanece é o amor. “É gratificante ver que deu tudo certo, que a criança está bem, que eu fiz diferença na vida dela”, completou Luciana. “Tanto que do meu primeiro acolhimento virei madrinha. É um amor que fica pra sempre”.
Cleber e Karine também mantêm o contato com a família adotiva da criança que acolheram. “Ele foi adotado, mas continuamos em contato. Eles quiseram manter a amizade, e isso é muito especial. Mostra que o amor que nasce no acolhimento não termina nunca”, contou Cleber.
Com o tempo, percebemos que, mais do que mudar a vida dela, ela mudou a nossa”, falou Miguel. Ivanilde complementou: “A gente acha que está fazendo algo por alguém, mas é essa criança que nos transformou, nos ensinou muito”, enfatizou. “Amar não tem preço. O coração só cresce. É um amor de doação. Eu, por opção, vim acolher uma criança — e recomendo que mais pessoas façam parte disso, porque quando a gente dá amor, a gente recebe de volta em forma de vida”, finalizou.
O serviço
Criado para oferecer cuidado provisório em ambiente familiar, o “Ninho – Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora” integra a rede de proteção social de alta complexidade do Município. Ele acolhe crianças e adolescentes afastados de suas famílias por medida de proteção, garantindo acompanhamento técnico até o retorno ao lar de origem ou encaminhamento para adoção.
As famílias interessadas em participar podem se inscrever no site da Prefeitura (www.santabarbara.sp.gov.br, no banner “Acontece”) e passam por avaliação, capacitação e acompanhamento contínuo. O Ninho também atende pelo telefone e WhatsApp (19) 3454-0795, pelo e-mail familiaacolhedora@santabarbara.sp.gov.br ou presencialmente na Rua Dante Tortelli, 106, Centro, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30.